Em 2008, Saulo Ricci viu o nascimento de sua filha e chegou a uma conclusão: queria deixar um legado no mundo. Ele é o fundador da Coletando Soluções, startup que incentiva a reciclagem colocando ecopontos itinerantes dentro de comunidades da periferia. A empresa troca o resíduo por dinheiro em conta digital no nome dos recicladores.
A ideia é levar uma forma de coleta seletiva em locais de difícil acesso. “Muitas vezes, os caminhões de coleta não conseguem ir até a periferia porque tem muito beco e viela”, diz Ricci. A Coletando Soluções já recebeu mais de 1 milhão de embalagens (que somam 500 toneladas) e gerou mais de R$ 200 mil em renda para os recicladores. No ano passado, a startup implantou um sistema de licenciamento com pessoas que desejam abrir um ecoponto próprio.
A ideia surgiu quando Ricci, já formado em Sistema de Informação, estava estudando Administração, e tinha a tarefa de encontrar um problema para transformar em negócio. Pensou na história da família. “A minha mãe já trabalhava com reciclagem para criar três filhos”, diz Ricci. Decidido a empreender no segmento, ele fez uma imersão de um ano em cooperativas de reciclagem para entender a rotina dos catadores.
O primeiro modelo de negócio foi lançado em 2013, com um projeto piloto que trocava os resíduos por desconto na conta de energia — feito em uma parceria com uma concessionária de energia do Nordeste que não revela o nome. No mesmo ano, participaram de alguns concursos para entender se existia interesse e viabilidade do mercado. Eles ganharam um prêmio de negócio social do Sebrae e um prêmio de um congresso de inovação da Alemanha.
Mas as pessoas que levavam resíduos até os ecopontos começaram a relatar que não queriam cupom de desconto, mas dinheiro para usar em algo de sua escolha. Em 2018, o negócio pivotou para ter ao lado uma fintech e oferecer um cartão em que o pagamento pela reciclagem é disponibilizado imediatamente.
“Hoje, quando o usuário vai até o ecoponto, ele já ganha uma conta digital. Isso também ajuda a resolver um problema no Brasil que é a desbancarização, justamente porque as pessoas não têm acesso sem conseguir comprovar renda ou endereço. A realidade da favela ainda é essa em que muitas ruas não têm nome”, diz Ricci.
Em 2019, a empresa foi selecionada pelo InovAtiva de Impacto e ganhou um prêmio como Startup Destaque. Com isso, chamou a atenção de outras empresas e recebeu um investimento de R$ 620 mil da Criabiz e Anjos do Brasil.
Hoje, a startup conta com oito ecopontos itinerantes em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Além disso, são 98 pedidos de licenciamentos que devem ser aprovados até o final do ano.
Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui.